Para dar início a esta conversa, gostaria de lhe falar um pouco a meu respeito
e, no final, dar um resumo de minhas atividades profissionais na área da
literatura evangélica.
Nasci e fui criada em Botucatu, cidade do interior de São Paulo, dentro de um lar
evangélico.
A primeira fase da minha infância foi vivida numa fazenda. Apesar dos poucos recursos de que
dispúnhamos, meus pais estimularam em sua prole o gosto pela literatura através das histórias que contavam — papai contava as de aventura e de
bichos, e mamãe, as de fadas e pessoas.
Estimulada pelos livros e revistas que existiam em nossa casa, aprendi a ler antes de ir para a
escola. Meus pais só descobriram esse fato quando comecei a ter pesadelos à noite com coisas que estava lendo na revista
Seleções, que eles colecionavam. Ao confiscarem parte do material que me caíra às
mãos, meus pais, com grande esforço pecuniário, dispuseram-se a colocar quantos livros bons pudessem comprar nas minhas
mãos. Meu amor pela literatura sempre foi fartamente alimentado com os melhores
livros, graças a meus pais, parentes e amigos deles que ajudaram a formar e desenvolver meu gosto
literário.
Meu sonho de ser professora foi engavetado quando me casei com Jecel assim que me formei na Escola Normal e fui residir fora do
Brasil. Nos anos em que vivi nos Estados Unidos, enquanto meu marido terminava o curso de engenharia eletrônica e começava a trabalhar nessa
área, tive a oportunidade de aprofundar meus conhecimentos da língua inglesa e das culturas inglesa e
norte-americana. Quatro filhos nascidos em menos de cinco anos ocuparam os anos seguintes de minha
vida, nos quais minhas atividades literárias ficaram praticamente suspensas. Parei de ler
livros, pois eu sabia que, quando começava a ler algo que me interessava, não conseguia
parar, nem que a casa caísse. Restringi-me por um bom número de anos à leitura de artigos e contos,
que eu podia fazer em pequenos intervalos das minhas atividades domésticas.
Durante um segundo período em que moramos nos Estados Unidos, com os filhos maiores e frequentando a escola durante boa parte do
dia, pude aproveitar a facilidade de morar vizinha de uma faculdade e fazer diversos cursos de literatura inglesa e
americana. Meu amor pelas letras voltou aos borbotões e dediquei-me com grande
prazer e intensidade a aprender tudo que era oferecido. Estudei desde o inglês antigo até a literatura moderna, e,
paralelamente, estudei por conta própria a história da Inglaterra e boa parte da história dos Estados
Unidos, o que enriqueceu bastante o aprendizado da literatura.
Quando regressamos ao Brasil e minha filha mais velha entrou para o curso de
tradutor/intérprete na faculdade, senti profundo desejo de estudar com ela, mas não dispunha do tempo nem dos recursos financeiros necessários para
tal. Mas, como para Deus nada é impossível, Ele me encaminhou, através de uma
amiga, para o curso de tradutores e intérpretes da Associação Alumni. Ali me formei e comecei a trabalhar na área de tradução
comercial. Depois de algum tempo, senti o desejo de trabalhar com tradução
literária, mas sabia que não me sentiria bem traduzindo textos que contivessem palavrões ou descrição de cenas eróticas ou de
violência, que apareciam em quase todos os trabalhos literários traduzidos.
"Por coincidência", nesses dias o professor da escola dominical da nossa classe de adultos recomendou que lêssemos o livro que estava
usando, citando o nome da editora que o havia publicado — Editora Mundo
Cristão. Ao examinar o livro, pensei: "Aqui está algo que eu gostaria muito de
fazer." No dia seguinte, uma prima com quem eu não tinha quase contato me telefonou e perguntou se, por
acaso, eu estaria interessada em trabalhar para uma editora evangélica que estava à procura de
tradutores. O nome da editora? Mundo Cristão. Feito o primeiro contato há vinte
anos, estou até hoje envolvida com o ministério da literatura evangélica, primeiro como tradutora e depois como
escritora.
Sei que o Senhor orientou minha vida profissional da melhor forma possível para o trabalho que eu iria
fazer. Não tenho um currículo regular, mas, aqui e ali, Ele foi provendo o que eu precisaria aprender para desempenhar o trabalho
que sempre desejei
fazer.
Criei meus quatro filhos. São eles, por ordem de nascimento: Wanda Assumpção
DiCreddo, Jecel Mattos de Assumpção Júnior, e as gêmeas Priscila Assumpção Scripnic e Cristiana Assumpção Baggio. Wanda, cujo apelido é
Wandy, é casada com Eleusis Bruder DiCreddo e mãe de Jônatas e Helena. Priscila é casada com Sergio Paulo Scripnic e mãe de
Dimitri. Cristiana é casada com Frederico Baggio. Jecel Jr. é solteiro e mora comigo e com
Jecel, em São Carlos, estado de São Paulo, onde viemos morar depois que Jecel se
aposentou.
Tenho tido a oportunidade de viajar pelo Brasil todo levando a mensagem dos livros que escrevi através de palestras e seminários para famílias em geral e especificamente na área da identidade feminina para as
mulheres.
Um grande abraço, com muito carinho
Wanda (26 de Fevereiro de 1939 a 21 de Maio de 2007)
Wanda de Assumpção foi autora de vários livros na área de relacionamentos familiares e questões relacionadas à
mulher. Foi também autora de artigos, publicados em diversas revistas
evangélicas, e estudos devocionais. Trabalhou mais de vinte anos na área da tradução literária
evangélica, tendo traduzido perto de cem obras de diferentes autores para diversas editoras
evangélicas. Participou de congressos regionais e nacionais de ministérios como Lar
Cristão, SEPAL e o movimento Desperta Débora. Além desses, deu cursos, palestras e seminários
sobre questões de família e relativas à mulher em diversas regiões do Brasil.
Residia na cidade de São Carlos com o marido e um filho. Era membro da Primeira Igreja
Presbiteriana, lecionava uma classe para adultos na escola dominical sobre questões de
família.
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